O candidato a prefeito de Coari (AM) Dr. Raione Cabral foi preso em flagrante por agentes da Polícia Federal (PF) após jogar dinheiro para a população em uma praça da cidade, localizada a cerca de 330 km de distância de Manaus. A princípio, os policiais federais identificaram na conduta de Cabral uma infração ao art. 299 do Código Eleitoral, que tipifica o crime de corrupção eleitoral e compra de votos.
A prisão ocorreu na manhã desta quarta-feira (2), logo após o candidato subir na base da estátua do Cristo Redentor, na Praça Getúlio Vargas. Vídeos postados em redes sociais mostram uma grande aglomeração de pessoas logo abaixo de onde o candidato estava. Cabral retira os maços de dinheiro de uma bolsa e joga as cédulas para a população.
Veja o momento em que o candidato Dr. Raione Cabral (Mobiliza) joga dinheiro para a população em Coari (AM):
Equipe da PF já estava em Coari investigando possíveis crimes eleitorais
A Superintendência da PF no estado do Amazonas confirmou à Gazeta do Povo que uma equipe completa, com delegado e investigadores, estava na cidade investigando possíveis crimes eleitorais na região. Após terem recebido a denúncia, os agentes rapidamente foram até o local e prenderam o candidato em flagrante. Ao ser conduzido pelos policiais federais, Cabral acenou para as pessoas.
A princípio, informou a PF, o candidato deve ser autuado por corrupção eleitoral. Mas os investigadores ainda estariam analisando os fatos para tentar identificar outros possíveis crimes cometidos por Raione Cabral. A reportagem está tentando contato com a defesa do candidato.
Coari foi um dos municípios a solicitar o envio das Forças Federais para auxiliar na segurança durante a votação nas eleições 2024. Ao autorizar o envio, a ministra Cármen Lúcia, presidente do TSE, reforçou que o objetivo desse auxílio é garantir que o processo eleitoral transcorra de forma ordeira e tranquila. Além disso, reforçou, a Força Federal pode auxiliar no cumprimento de determinações legais do pleito eleitoral.
Candidato preso por jogar dinheiro presidiu convenção do partido pelo celular
No site oficial de registro de candidaturas do Tribunal Superior Eleitoral, o candidato do Mobiliza à prefeitura de Coari aparece com sua candidatura deferida com recurso. Para a Justiça Eleitoral, a convenção municipal do partido que definiu o nome de Dr. Raoine Cabral como candidato teria sido inválida. Um dos motivos seria a ausência do candidato no local da convenção.
Em sua defesa, Cabral explicou que tinha pedido o adiamento da convenção, mas foi orientado por seus advogados a realizar o evento, obrigatório pela Lei Eleitoral, na data pré-estabelecida. A comissão provisória presidida por ele não estaria com a legitimidade formal para realizar a convenção. E como Cabral não estava na cidade de Coari no dia marcado, o evento foi comandado por ele de forma remota, pelo celular.
“De forma virtual, o recorrido resolveu presidir a cerimônia da convenção que seria realizada na escola. Contudo, quando os convencionais chegaram à escola, esta estava fechada, tendo os convencionais se dirigido à sede municipal do partido. O recorrido realizou a convenção, tendo a presidido de forma virtual. É verdade o que disseram os impugnantes e agora recorrentes quando disseram que o recorrido não estava em Coari na data da convenção, mas é errônea a afirmação de que ele não presidiu a solenidade da convenção”, detalha a defesa de Cabral.
Grupo oferecia até R$ 40 mil para candidatos desistirem de campanha
Também nesta quarta-feira, a PF deflagrou uma operação contra uma quadrilha que oferecia até R$ 40 mil, em espécie, para que candidatos a vereador desistissem da campanha eleitoral e apoiassem outro grupo, para prejudicar a quantidade mínima de candidatos registrados no partido adversário.
O caso é investigado em Caxias, no Maranhão, a cerca de 360km de São Luís, a capital do Estado. A PF não informou os alvos da investigação nem dos candidatos que teriam aceito tal proposta, sequer os partidos que integram. A corporação disse apenas que identificou a associação criminosa que vem cometendo os crimes eleitorais.
Foram cumpridos três mandados de busca e apreensão nas residências dos suspeitos, na manhã desta quarta-feira. Eles poderão responder pelos crimes de associação criminosa e diversos crimes previstos na legislação eleitoral.
Os valores em espécie e materiais apreendidos serão encaminhados à Justiça Eleitoral e, quando autorizado judicialmente, serão encaminhados para a realização de exames periciais visando a coleta de novos elementos, pessoas envolvidas e a identificação de outros crimes relacionados.
PF apura possível compra de votos com Cheque Moradia
Ainda nesta quarta, mas em Marabá, no Pará, a PF deflagrou a Operação Voto em Xeque, visando combater o crime de corrupção eleitoral, supostamente praticado por dois candidatos a vereador.
Foram cumpridos três mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça Eleitoral após representação do Ministério Público Eleitoral: dois nas casas dos alvos e um em gabinete na Câmara Municipal de Marabá.
As investigações apontam o uso ilegal da máquina pública por parte dos candidatos, que teriam oferecido Cheque Moradia em troca de votos. Um dos investigados, inclusive, é candidato à reeleição para o cargo de vereador na cidade.
Cheque Moradia é um programa habitacional, criado pelo Governo do Pará, que oferece um auxílio financeiro de até R$ 20 mil reais para a construção, reforma, ampliação ou aquisição de imóveis, para famílias com renda de até três salários-mínimos.
No decorrer das buscas, foram apreendidos diversos documentos e mídias digitais, que interessam à persecução penal. As investigações e análises dos materiais apreendidos ficarão a cargo da Polícia Federal.
Servidor é preso com R$ 120 mil em carro oficial
Já na terça-feira (1º), em ação conjunta com a Polícia Rodoviária Federal, a PF prendeu um servidor público estadual e apreendeu R$ 120 mil em ação de combate a crimes eleitorais em Roraima. Também foram apreendidos dispositivos eletrônicos que serão analisados durante a investigação.
“Após informação recebida através do canal de denúncias de crimes eleitorais, a PF fez a análise preliminar dos dados obtidos que, ao ser confirmada a plausibilidade da informação, solicitou apoio à PRF que realizou a abordagem e encontrou a quantia numa bolsa dentro de um veículo oficial”, disse a PF em nota, sem mais informações.
Gazeta do Povo e O Tempo.