22 de novembro de 2024 | BAHIA

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Influenciadores digitais Insistem em divulgar Jogo do “Tigrinho”, mesmo atividade sendo criminalizada

Apesar da recente criminalização, diversos influenciadores digitais continuam promovendo o jogo do “tigrinho” em suas redes sociais. A prática, considerada ilegal e perigosa, tem sido alvo de operações policiais e campanhas de conscientização, mas ainda encontra espaço nas plataformas digitais.

O jogo do “tigrinho” é uma modalidade de jogo de azar que envolve apostas em números, semelhante ao jogo do bicho. Recentemente, as autoridades intensificaram os esforços para coibir essa atividade, realizando prisões e apreensões de materiais relacionados ao jogo. No entanto, influenciadores com grande alcance nas redes sociais continuam a divulgar o jogo, atraindo um público considerável e incentivando a participação.

Riscos e Armadilhas

O “Jogo do Tigrinho”, disfarçado de investimento financeiro, esconde uma teia de fraude e pirâmide financeira. Influenciadores que o promovem se aproveitam da confiança de seus seguidores para induzi-los a participar de um esquema ilegal, muitas vezes com promessas de ganhos fáceis e rápidos.

Na realidade, o “Jogo do Tigrinho” opera como um sistema Ponzi, onde os novos participantes sustentam os antigos, até que a bolha explode, deixando a maioria das pessoas no prejuízo. Além do risco financeiro, os envolvidos podem ter seus dados pessoais roubados e serem vítimas de outros crimes cibernéticos.

Inércia da Polícia Civil?

Diante da flagrante ilegalidade, surge a dúvida: por que a Polícia Civil ainda não tomou medidas contra esses influenciadores? A falta de ação das autoridades gera um sentimento de impunidade e incentiva a continuidade da prática criminosa.

Conscientização

É fundamental que a população esteja ciente dos riscos do “Jogo do Tigrinho” e se recuse a ser enganada por promessas falsas. Denunciar os perfis que divulgam o jogo é uma forma de proteger a si mesmo e aos outros.

Como Denunciar

  • Plataformas de Redes Sociais: Utilize as ferramentas de denúncia disponíveis nas próprias plataformas, como Instagram, TikTok e YouTube.
  • Polícia Civil: Você também pode denunciar os influenciadores à Polícia Civil através da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Econômica (DRACO).

Representantes das forças de segurança enfatizam a necessidade de colaboração da população e dos influenciadores para combater o jogo ilegal.

Games, como o do Tigrinho, no qual que se depende exclusivamente da sorte para ganhar ou perder, são considerados jogos de azar pela Lei de Contravenções Penais e são considerados como crimes de menor potencial ofensivo.

Alguns influenciadores que foram questionados sobre a promoção do jogo argumentaram que desconheciam a gravidade da situação ou minimizaram a importância da criminalização. Outros, porém, mantiveram-se firmes em sua decisão de continuar divulgando, alegando liberdade de expressão e a vontade de atender à demanda de seus seguidores.

Outro fator importante é que o Jogo do Tigrinho está hospedado em plataformas clandestinas, não auditáveis e que não seguem regra alguma. É diferente das plataformas legalizadas de apostas, conhecidas como “bets”, sendo que alguma delas também oferecem jogos, mas as operações estão sujeitas às seguintes leis: Lei 13.756/ 2018: que regulamenta  as apostas esportivas; e a Lei 14.790/2024: que ampliou o alcance da legislação, exigindo que as empresas tenham endereço no Brasil, definindo a tributação e incluindo os jogos online.

Esta lei está em período de transição, incluindo um processo regulatório conduzido pelo Ministério da Fazenda que termina no fim deste ano e vai estabelecer critérios técnicos e jurídicos para a liberação dos jogos online.

Atualmente, a polícia brasileira tem deflagrado diversas operações que afirmam existir inúmeros indícios de prática de crime, autoria e materialidade, sobretudo no que tange aos influenciadores que divulgam os jogos de azar e que possuem conhecimento prévio de que a versão que compartilham na internet com os seguidores é uma versão “demo”, que está programada para conseguir a combinação necessária para obter ganhos financeiros.

Crimes

Assim, esses influenciadores podem, portanto, ser responsabilizados criminalmente e civilmente por eventuais problemas que os jogadores tenham enfrentado com as plataformas. O que salta aos olhos é a necessidade desses influenciadores contratarem advogados criminalistas para demonstrarem a inexistência de dolo (vontade livre e consciente de agir na prática do crime), ou até mesmo um dolo eventual (quando se assume o risco).

Entretanto, fica o alerta que influenciadores digitais ou qualquer pessoa que divulgar jogos de azar podem responder pelos seguintes crimes (e outros a depender do caso em concreto). São eles: crime contra as relações de consumo e contra o consumidor — detenção de dois a cinco anos, ou multa; crime contra a economia popular — detenção de seis  meses a dois anos e multa; propaganda enganosa — detenção de três meses a um ano e multa; sonegação fiscal — detenção de seis meses a dois anos, e multa; estelionato — reclusão, de um a cinco anos, e multa; e organização criminosa e lavagem de dinheiro.

As casas de apostas sérias que atuam no Brasil estão se submetendo ao processo de regulamentação do mercado, ainda em curso, têm implementado medidas para prevenir vício entre apostadores, por meio da conscientização de que os jogos são para entretenimento, não para enriquecimento.

O artigo 50 da Lei de Contravenções Penais estabelece que fazer apostas é uma contravenção penal punível com prisão simples de 15 dias a 3 meses, ou multa.

O “Jogo do Tigrinho” está numa categoria que pode ser operada por sites de apostas, desde que cumpridos alguns requisitos legais, como informar previamente ao jogador o fator de multiplicação do prêmio em caso de ganho na aposta. Ou seja, o apostador sabe antes o quanto pode receber.

Vale destacar que, de acordo com a legislação para regulamentação desses jogos online, após estabelecidos critérios técnicos e jurídicos, os jogos deverão ser submetidos à certificação realizada por entidades habilitadas. E os jogos que não passarem por essa certificação não poderão ser considerados legais. Espera-se que o mercado seja melhor regulado, quando os sites legais poderão apenas oferecer jogos online certificados, auditáveis e sem manipulações que prejudiquem o apostador.

Enquanto isso, a recomendação é evitar a participação em jogos de azar ilegais. A luta contra o jogo do “tigrinho” depende da conscientização coletiva e do compromisso de todos em promover um ambiente seguro e legal.

Com informações de ConJur.
Imagem de Reprodução de DOL.