O influenciador digital preso por crimes relacionados com as plataformas conhecidas como “jogo do tigrinho”, em Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, foi transferido para o Centro de Observação Penal, na capital baiana, nesta terça-feira (1º).
Darley Felipe, de 29 anos, foi alvo de uma operação no dia 20 de março, por suspeita de integrar um grupo envolvido com a prática de estelionato, lavagem de dinheiro e divulgação dos jogos de azar ilegais.
O inquérito foi concluído no último sábado (29), e todos os influenciadores investigados foram indiciados por organização criminosa, pela Polícia Civil (PC) do Ceará. O caso segue sob sigilo de justiça.
Darley seguirá detido em Salvador enquanto aguarda a decisão da Justiça, que definirá se ele continuará detido ou se poderá responder ao processo em liberdade.
O g1 tentou contato com a defesa do influenciador, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Investigação
Segundo apuração da produção da TV Subaé, afiliada da Rede Bahia, a investigação começou após uma vítima em Juazeiro do Norte (CE) denunciar prejuízos ao utilizar uma das plataformas promovidas pelos influenciadores.
A operação foi conduzida pela Polícia Civil cearense e resultou na prisão de seis suspeitos em quatro estados: Bahia, Minas Gerais e Maranhão, além do Ceará.
Darley Felipe foi encontrado na casa dele, no bairro Papagaio. Inicialmente, o influenciador foi levado para o Complexo Policial do Sobradinho, em Feira de Santana, onde prestou depoimento.
A defesa do influenciador entrou com um pedido de liberdade e alegou que ele não teve acesso completo ao processo.
Quem é Darley Felipe e qual relação dele com a operação
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Influenciador preso por divulgar ‘jogo do tigrinho’ tinha mais de 170 mil seguidores — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Nas redes sociais, Darley tinha mais de 170 mil seguidores e ostentava uma vida de luxo. Ele se apresentava como enfermeiro e criador de conteúdo sobre viagens e estilo de vida.
Neste ano, o influenciador publicou fotos em camarotes do Carnaval de Salvador, em um cruzeiro em Búzios (RJ) e em Maragogi (AL), além de registros em destinos internacionais como Emirados Árabes Unidos, França e Itália.
Segundo o delegado Giovani Moraes, que está à frente investigação do caso, a prisão de Darley Felipe foi pedida porque ele foi um dos responsáveis por indicar uma das principais suspeitas de Juazeiro do Norte.
O delegado disse ainda que a apuração apontou que o lucro divulgado por Darley e os outros suspeitos nas redes sociais é um comissionamento que os influenciadores recebiam baseado nas perdas das vítimas.
Ainda segundo Giovani Moraes, os influenciadores utilizavam contas “demo”, programadas para exibir apenas vitórias, criando a falsa ilusão de que os apostadores poderiam lucrar facilmente. No entanto, a longo prazo, os jogadores sempre sairão perdendo.
“O usuário deposita, perde no jogo e o influenciador acaba sendo remunerado com uma parcela desse valor”, explicou o delegado.
Era com o dinheiro que os influenciadores recebiam do grupo chinês que eles ostentavam a vida de luxo nas redes sociais.
“E essa ostentação é de diversas maneiras. São viagens para o exterior, viagens para o Brasil, para destinos turísticos, frequentando restaurantes caros. É uma vida que a população média não tem acesso. E é uma forma também de iludir os seguidores, que ele vê naquele influenciador digital um sucesso”, detalhou o delegado.
Mais de 5 blogueiros baianos têm fama ‘enjaulada’ nas últimas semanas
Nas últimas semanas, a polícia bateu na porta de mais de cinco influenciadores baianos que, até então, ostentavam luxo e fama nas redes sociais. Entre prisões e investigações, os blogueiros são apontados por crimes como estelionato, fraude financeira e envolvimento em jogos de azar ilegais.
O caso mais recente aconteceu na segunda-feira (1°), quando o blogueiro Igor Moura, de 27 anos, ‘caiu’ em Vitória da Conquista, no sudoeste baiano. Dono de um perfil com mais de 26 mil seguidores, ele promovia apostas ilegais do ‘tigrinho’ e cassinos online proibidos no Brasil.

Na surdina
O influenciador atraía as vítimas prometendo ganhos fáceis, mas, no fim das contas, a grana ficava mesmo com ele, segundo o g1. Com os golpes, o blogueiro acumulou o patrimônio de R$ 750 mil – com um carro de luxo, um imóvel e uma loja. Durante a operação, os policiais apreenderam dois veículos, R$ 8 mil em dinheiro, três celulares, vinte cartões bancários, um notebook e uma máquina de cartão.
Interior é o palco

Outro caso polêmico envolve os influenciadores Tony Fofoqueiro e Nereida Albernaz, do perfil ‘Eu Babadeira’. Um iPhone sorteado por eles foi apreendido pela polícia, pois tinha restrição de roubo. A ganhadora do sorteio, Caroline Oliveira dos Santos, revendeu o aparelho para um homem identificado como Brendel Silva, que, meses depois, foi intimado por suspeita de receptação.

A assessoria jurídica dos influencers disse que eles também foram vítimas, já que adquiriram o celular de uma loja e não sabiam da origem duvidosa do aparelho.
E teve mais: no dia 11 de março, uma ‘blog’ conheceu o rumo da ‘gaiola’, em Santo Antônio de Jesus, por dar golpes com comprovantes falsos de Pix. Segundo as investigações, ela apresentava os recibos falsificados em mercados e lojas da cidade, mas o dinheiro nunca entrava na conta dos comerciantes. A Polícia Civil revelou apenas as iniciais dela, M.G.C.D.S., sem divulgar o nome completo.
