“Uma jovem natural de Conceição do Coité deu uma reviravolta na vida após se mudar para os Estados Unidos.
Renata Cruz, de 32 anos, saiu do município localizado na região sisaleira ainda muito cedo.
Formada em Moda, Renata atuou por um bom tempo em São Paulo e anos depois decidiu fazer uma viagem a passeio para um dos locais mais requisitados por turistas: Orlando, cidade da Flórida.
“Eu tenho o visto americano e durante esse passeio, me apaixonei pelo lugar e há quatro anos estou por aqui”, contou.
Com a decisão de morar nos Estados Unidos, a carreira de moda foi deixada de lado e Renata passou a exercer a profissão de faxineira.
“Logo que cheguei, era ajudante das faxineiras e chegava a limpar umas 6 casas por dia. Quando retornava em casa, só fazia dormir devido ao cansaço”, comentou.
A dedicação da baiana deu mais que certo! Após adquirir experiência no ramo, ela montou sua própria empresa, fazendo sucesso na região.
“Aqui nos Estados Unidos é totalmente diferente do Brasil, pois não é todo americano que possui uma house Cleaner. Sem falar que todo serviço é combinado. Tem casas que não recolhemos brinquedos, lavamos pratos ou retiramos lixos. Obviamente, há situações em que fazemos como bônus; no entanto, todo serviço é negociado e caso desejem algo a mais, eles pagam o extra. Dessa forma, valorizam bastante nosso trabalho”, afirma.
E quanto ao inglês?
Renata confessa que não fala o idioma estrangeiro e isso já a atrapalhou no trabalho algumas vezes, levando-a a perder clientes.
“O problema é que aqui na Flórida, no meio em que convivo, quase não se usa o inglês, pois a maioria das pessoas com quem tenho contato diário na profissão são brasileiras. A maioria dos clientes são americanos e alguns não tiveram paciência; no entanto, outros quando não entendiam o que eu falava abriam o Google Tradutor e conseguíamos nos comunicar”, disse rindo.
A coiteense afirmou ainda que o fato de não saber o idioma nunca foi um impedimento para desistir.
“Executo meu trabalho da melhor forma e graças a Deus todos os meus clientes ficam satisfeitos independentemente do inglês”.
Solidariedade da coiteense!
Um dos programas de televisão mais famosos dos Estados Unidos tem como pauta os acumuladores e fazem transformações das residências americanas.
Antes da faxina
Renata viveu essa realidade longe dos holofotes e ficou comovida com uma situação.
A brasileira foi solicitada por uma família a qual a moradora sofria de depressão após perder o marido e a casa estava literalmente, um aterro de lixos.
Com isso, populares denunciaram o local e os órgãos de vigilância sanitária deram um prazo pra limpeza ou a casa seria desocupada.
Renata contou que a mulher morava com o filho de dez anos e tinha apenas 300 dólares, valor bem abaixo do que seria cobrado pela proporção que a casa se encontrava.
“Ela me passou toda a situação e isso foi na véspera que ela poderia perder a casa. Aceitei pois, a calamidade estava absurda. Pra se ter uma noção, ao final da faxina, retiramos 100 sacos com lixo de lá”, conta.
Após a faxina
Ao finalizar, a.coiteense relembrou que o filho da cliente ficou encantado e a moça se debruçou chorando em forma de gratidão.
“O menino disse que não se lembrava o dia que viu a casa tão limpa e a cliente me agradeceu tanto. Esse momento foi especial pois, dava para perceber que uma pessoa em sanidade mental normal não deixaria a casa chegar aquele ponto e fiz minha parte em ajudar”, complementa.
E quanto ao dinheiro?
Durante a entrevista com a repórter Rafaela Rodrigues, ela revelou suas conquistas em Orlando.
Logo de início, ela ganhou o direito de ter um passe para brincar em todos os brinquedos do parque mais famoso do mundo, Disney World.
Logo em seguida, Renata conquistou dois carros considerados de luxo no Brasil e avaliado em quase meio milhão de reais somente um deles.
“Um carro eu utilizo para o trabalho e o outro para passear com minha família”, comenta.
O sucesso da empresa de faxinas também rende anualmente à coiteense 120 mil dólares ou 687.780,00 no real brasileiro.
“Obviamente esse valor todo não fica para mim. Preciso pagar funcionários, deslocamentos e produtos. A receita é alta”, explica.
Não esquecendo das raízes!
Sem poder voltar ao Brasil por questões burocráticas até conseguir o greencard, Renata faz questão de não esquecer suas origens.
Ela conversa diariamente com familiares e amigos de Coité e lamenta não poder participar de alguns momentos importantes.
“Não pude participar do casamento de minha irmã, nem do aniversário do meu pai ou da minha avó que completou 90 anos. Nessas situações, não há dinheiro que supra essa ausência, mas precisamos abrir mão por necessidade e para crescer. Na primeira oportunidade permitida para viajar, quero muito ir para Coité”.
Enquanto não pode sair do país, ela faz questão de levar Coité para sua realidade atual.
“Todos os uniformes da minha empresa, cartões de visitas e roupas de academia são de Coité. Realizo algumas ações solidárias na cidade as quais prefiro não divulgar. Coité é uma cidade que amo e sem ela jamais estaria vivendo o que vivo hoje aqui”, finaliza.”