Uma moradora de Goiânia acionou a Justiça contra os influenciadores Deolane Bezerra, Carlinhos Maia e Virgínia Fonseca após perder R$ 322 mil no chamado ‘jogo do tigrinho’. O processo, aberto em abril deste ano na Justiça de Goiás, pede que as empresas responsáveis pelos jogos e os famosos paguem uma indenização de R$ 1,1 milhão à mulher.
No processo, a atendente Arianny Rosa Pereira, de 31 anos, relata que após ver posts de Deolane, Carlinhos e Virgínia apostando e mostrando seus ganhos nas plataformas, decidiu tentar ganhar uma renda extra na plataforma Esportes da Sorte — alvo de uma operação da Polícia Civil de Pernambuco que prendeu Deolane e o dono da empresa na semana passada.
No início, a atendente fez apostas de valores baixos, mas logo percebeu que já tinha perdido cerca de R$ 6 mil, dinheiro que seria necessário para seu sustento. Angustiada com a perda, Arianny passou a realizar mais apostas. Ela afirma que foi induzida por postagens como as que a influenciadora Virgínia afirma ter ganhado R$ 50 mil em alguns minutos.
Com isso, Arianny usou o dinheiro de uma herança recebida pelo seu pai, e que estava em sua conta, para tentar recuperar o que já havia perdido. O pai da atendente, que é idoso e sofre de uma doença cardíaca, utilizava o dinheiro para comprar os medicamentos necessários ao seu tratamento.
Por fim, Arianny foi aumentando as apostas até perder o valor de R$ 322 mil. De acordo com a ação, o abalo psicológico pela perda foi tão grave que desencadeou na mulher uma crise de ansiedade com a ocorrência inclusive de convulsões. Ela precisou ficar internada em um hospital da capital goiana por dois dias.
Ainda conforme o relato, Arianny hoje passa por tratamento psiquiátrico após tentar tirar a própria vida. O pai dela, que precisava do dinheiro para o tratamento, foi incluído posteriormente como uma segunda vítima no processo.
O advogado Cícero Goulart, que representa pai e filha, sustenta na ação que os influenciadores agem de forma negligente e irresponsável ao expor o público que os acompanha a extremo risco financeiro.
“As plataformas de jogos online são desonestas. Elas são feitas para enganar as pessoas e fazê-las perder dinheiro. Os usuários são levados a acreditar que vão ganhar, mas, na verdade, a plataforma sempre sai ganhando”, declara.
A legislação acerca das responsabilidades de influenciadores que fazem publicidade ainda é pouco fundamentada, assim como as regras para a operação das plataformas de jogos online, conforme reconhece o advogado.
Goulart afirma que a ação pode abrir precedente para outros processos contra influenciadores e empresas de apostas, já que não são mais raros os casos de pessoas que perdem tudo nesse tipo de aposta.
O Tribunal de Justiça de Goiás recebeu o processo, que é analisado.
Em nota, a assessoria de Carlinhos Maia disse que, até o momento, nem ele e nem sua equipe jurídica receberam notificação referente ao processo citado, portanto, não irá se manifestar.
Por G1
Foto: divulagação