29 de setembro de 2024 | FEIRA DE SANTANA

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“É preciso definir uma estratégia de proteção a mulher, mesmo que ela não queira”, diz chefe da Policia Civil da Bahia, sobre delegada assassinada no fim de semana

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A delegada geral da Polícia Civil da Bahia, Dra. Heloísa Brito, esteve presente no velório da delegada Patrícia Neves Jackes Aires, de 39 anos, assassinada na manhã de domingo (11), ocorrido na Câmara Municipal de Vereadores de Santo Antônio de Jesus, na manhã desta segunda (12).

Ao Conectado News, Dra. Heloísa afirmou que a instituição está unida na resolução do crime e agradeceu ao empenho dos policiais envolvidos na investigação.

“Somos uma instituição muito unida neste momento de dor e de perda, não teria como ser diferente, agradeço a todos os colegas, que desde quando fato aconteceu, se empenharam e permaneceram quase 48hs no curso das investigações, não esperava nada de diferente de nossa instituição. Um mês simbólico como esse, onde tivemos uma delegada que atuava na proteção das nossas mulheres vítimas de violência ser ela mesma vitimada, acende para todas nós, independente da instituição, que precisamos fazer mais, para além do cumprimento da legislação, é preciso criar uma rede de proteção da vítima de si mesma, pois percebe-se que muitas vezes ela não consegue, mesmo tendo todos os meios disponíveis em termos de legislação ou conhecimento, não consegue quebrar, esse ciclo, que isso sirva de alerta, de elemento conscientizador, não só para os policiais, mas para todo o cidadão que entenda sim que é necessário intervir de uma jeito mais firme para proteger a própria vítima”.

“Criação de mecanismos para proteção da mulher, mesmo que ela não queira”, disse a delegada

“Este é um crime que atinge a todas as mulheres, principalmente a mim como gestora, sendo a primeira mulher a frente de uma instituição com mais de 200 anos, me sinto extremamente triste, penso que poderíamos ter feito de modo diferente, temos plena consciência que de modo institucional tudo que era possível foi oferecido, mas, conclamo a todos para essa reflexão, não tem a ver somente com o estado da Bahia, mas o Brasil, a forma como os homens pensam que podem dispor do corpo e da vontade das nossas mulheres, de modo subliminar somos condescendentes com algumas formas de violência, onde observamos e entendemos que não devemos fazer nenhum tipo de intervenção por se tratar de uma questão de casal, é preciso modificar esta forma de pensar e que consigamos avançar, com alguma estratégia para proteção da mulher, mesmo quando ela não queira, esta é a grande verdade posta. Infelizmente vemos que aquele que bate é capaz de matar e as mulheres assassinadas acreditavam que aquilo não era possível, em algumas indagações ou conversas anteriores de outras investigações, a mulher sempre acabava defendendo o autor, por que ela tinha certeza de que isso não iria acontecer, se existe uma legislação, que está sendo cumprida, mas mesma assim isso acontece, fica aqui o meu apelo para pensemos e repensemos a forma como lidamos com essas questões”.

“Violência atinge a mulher de qualquer profissão ou classe social, ninguém está livre”.

Infelizmente vemos casos acontecerem que não envolvem somente forças de segurança, mas Judiciário, Ministério Público, a violência contra a mulher pode acontecer em qualquer estrato social independente da profissão que exerce, e por isso mostra o quanto é difícil, muitas vezes as pessoas pensam que falta uma estrutura especializada, sabemos da importância disso para acolher essas mulheres, mas não é somente isso, é além, existe sim uma legislação que foi modificada, com a Lei Maria da Penha, ficou muito mais rígida nas penalidades, medidas protetivas, mas de fato é preciso mais, um processo de conscientização, atitudes e comportamento”.

Próximos passos da investigação e crimes anteriores cometidos pelo suspeito

“O auto de prisão em flagrante foi lavrado no domingo (11), nesta segunda (12) estamos comunicando ao Judiciário, ele será submetido a uma audiência de custódia, representamos pelo pedido de prisão preventiva, pois mais dados da investigação precisam ser anexados aos autos, não os dados periciais, mas também a oitiva de outras pessoas que estavam presentes nos momentos que antecederam ao crime. Com relação aos outros fatos do indivíduo, ele responde a outros três casos de agressão, um com uma médica em Feira de Santana, outra, em Foz do Iguaçu/PR e uma outra situação de ameaça, que foram encaminhados à Justiça, o que cabe à polícia judiciária em termos de conclusão da investigação, já foi e continuará sendo feito”, concluiu.

Conectado News.