A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) emitiu um alerta nesta terça-feira sobre golpes aplicados em meio ao movimento de solidariedade da população nas doações às vítimas das chuvas que atingem o Rio Grande do Sul.
A principal orientação da Federação é que, quando for fazer uma transferência com um número de chave Pix, o doador confira com muita atenção todos os dados do pagamento e se o beneficiário é realmente quem irá receber o dinheiro. A mesma orientação é válida para doações feitas por TED e boletos.
Na noite de domingo, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), já havia feito um alerta contra golpistas que aproveitam o momento da tragédia causada pela chuva no estado para tentar ganhar dinheiro. Até a noite de domingo, cerca de 844 mil pessoas em 341cidades foram atingidas de alguma forma, e os desalojados somavam mais de 115 mil.
De acordo com a Febraban, outra situação de golpe ocorre por meio de links falsos e da engenharia social, que usa técnicas para enganar o indivíduo para que ele forneça dados confidenciais, além de realizar transações financeiras para o golpista.
Em suas primeiras ações e iniciativas, já foram contabilizados R$ 20 milhões em doações diretas da Febraban e dos bancos (Itaú, Bradesco, Santander, BTG Pactual, Banco do Brasil e Caixa) para auxiliar no socorro aos moradores. Os bancos também têm parcerias com entidades civis locais e estão mobilizando clientes e funcionários para doações às vítimas.
Como evitar cair em golpes do Pix
Os golpes envolvendo Pix exploram a boa vontade e o momento de calamidade pública. Essas tentativas são reveladas através de anúncios em redes sociais, sites e mais, que solicitam transferências bancárias para apoiar a população gaúcha no momento de dificuldade. Essas quantias, no entanto, não são destinadas às doações ao RS.
Confira algumas dicas para evitar problemas:
- Antes de digitar a chave do Pix no app do banco, verifique a procedência do pedido;
- Se o pedido vem de uma rede social, confirme se o perfil é oficial;
- Se a solicitação vem de um site, certifique-se de que você está na página correta;
- Em conversas do WhatsApp, confira se a mensagem que você recebeu indica uma instituição credenciada e confiável;
- Confira sempre se a chave digitada no Pix é oficial;
- Use o Google para pesquisar dados oficiais de empresas e organizações envolvidas na ajuda ao RS.
Na hora de realizar a transferência, confirme se a chave Pix realmente pertence à empresa ou instituição que vai receber o pagamento. Por exemplo, se você colocou a credencial da “Companhia A” e na transferência aparece o nome “José da Silva”, não complete a transação antes de confirmar que está tudo certo.
Vale lembrar, entretanto, que ONGs, grupos de apoio, igrejas, centros espíritas e afins por vezes utilizam contas de pessoas físicas para receber doações — ou seja, não é porque a chave é de um CPF que será, necessariamente, um golpe. Porém, a dica é sempre a mesma: antes de enviar o dinheiro, entre em contato com a instituição e confirme a chave.
“É importante desconfiar de solicitações de Pix que não estejam relacionadas a organizações reconhecidas de ajuda humanitária, como ONGs ou entidades governamentais”, explica ao Canaltech a advogada e sócia do escritório Poli Advogados, Daniela Poli. “Sempre verifique a veracidade das informações e evite compartilhar dados pessoais ou bancários por meio de mensagens suspeitas.”
Caí em um golpe do Pix e agora?
Em entreivsta ao Canaltech, o advogado e fundador da Carvalho de Machado Advocacia, Mozar Carvalho, orientou a entrar em contato com o banco imediatamente para relatar o incidente e pedir o cancelamento da transação. Também é importante procurar uma delegacia e registrar um boletim de ocorrência.
A mesma orientação é dada pelo Banco Central do Brasil (BCB). O órgão explica que, com o registro do golpe, o banco deve registrar uma notificação de infração no sistema do BCB para bloquear os valores da conta de destino da transferência. Nesse momento, as instituições envolvidas começam a analisar o caso para aplicar as tratativas.
“Após sete dias, se for comprovado o golpe ou a fraude, o seu dinheiro será devolvido em até 96 horas”, informa o BCB em seu site. “Caso não haja saldo suficiente para efetuar a devolução total dos valores, até o prazo máximo de 90 dias da transação original, a instituição de relacionamento do recebedor deve monitorar a conta e, surgindo recursos na conta, deve efetuar devoluções parciais.”
Caso não tenha solução dessa forma, o BCB orienta a procurar o Procon ou o Poder Judiciário. Outra medida seria registrar uma reclamação no sistema do Banco Central para buscar uma conciliação com intermediação do órgão.
Como doar via Pix e com segurança ao Rio Grande do Sul
O primeiro passo para doar com segurança é buscar instituições reconhecidas ou confirmar as informações antes da transferência. Alguns braços governamentais também disponibilizaram meios para receber doações, como a chave Pix do governo do Rio Grande do Sul:
Chave Pix CNPJ: 92.958.800/0001-38
Titular da conta: Associação dos Bancos no Estado do Rio Grande do Sul ou Banco do Estado do Rio Grande do Sul (podem aparecer as duas opções, informa o governo do RS)
Banco: Banrisul
Conheça outras formas de doar para vítimas no Rio Grande do Sul.
Com informações dos sites O Globo e Terra.