A médica Keite Araujo, natural de Santaluz, utilizou suas redes sociais para expressar preocupação com a exposição inadequada de crianças durante um evento do tipo ‘batalha de naipe’, uma dança associada ao pagode baiano. O evento, realizado no último domingo (1), em uma tradicional casa de shows da cidade, gerou polêmica ao mostrar imagens de crianças em situações controversas, o que motivou a reflexão de Keite.
Nas imagens, uma menina aparece dançando de forma sensual e simulando uma depilação íntima, enquanto em outra cena um menino encapuzado empunha uma réplica de arma de fogo apontando o objeto para outra criança, o que foi interpretado por muitos como apologia ao crime e violência.
Keite começou destacando a diferença de seu papel como profissional da saúde e sua responsabilidade social. “Sou médica, mas hoje, ao contrário de outros dias, o papo não será sobre medicina. O que vou compartilhar com vocês vai além disso: é sobre a Keite, futura mãe, mas também sobre a Keite que atende diversas famílias, de diferentes realidades, todos os dias”, afirmou.
A médica compartilhou imagens registradas durante o evento, que rapidamente circularam nas redes sociais, e questionou seus seguidores sobre a natureza do conteúdo exibido. “Eu quero começar esse bate-papo mostrando algumas notícias recentes. Vou deixar algumas imagens aqui na tela e te pergunto: isso te choca?”, disse. Para Keite, essas imagens demonstram a infantilização forçada e a erotização precoce de menores, algo que considera um perigo para o desenvolvimento saudável das crianças.
Keite levantou sérias questões sobre a falta de limites impostos a esses eventos. “O lugar de uma criança jamais é em um palco, com esse tipo de conteúdo sendo gravado, sendo assistido por milhares de adultos que a gente não conhece ainda ali”, disse, questionando as motivações dos responsáveis por permitir que seus filhos participem de tais competições. A médica também se mostrou preocupada com o impacto emocional que a exposição pode ter sobre as crianças. “Você sabe quem está do outro lado assistindo seu filho? Você sabe qual recordação seu filho vai ter da infância que ele está vivendo agora?”.
O evento em questão oferecia prêmios de R$ 250 nas categorias infantil e adulto (masculino e feminino) para as disputas de ‘naipe’. No entanto, as imagens que surgiram nas redes sociais, com crianças dançando músicas de teor explícito e comportamentos sexualizados, geraram uma onda de críticas da população.
Keite fez uma reflexão sobre o papel dos organizadores desses eventos e os responsáveis que permitem a participação de crianças em atividades tão expostas. “(…) colocando o seu filho no palco para dançar para uma multidão de adultos, músicas obscenas, músicas que diminuem a mulher, não vai de forma alguma ajudar a diminuir esses números (alarmantes da exploração infantil e do uso da violência)”, afirmou a médica questionando ainda a ética por trás de eventos que colocam as crianças sob os olhos de uma plateia adulta.
Ela conclui com questionamentos diretos aos pais das crianças. “O objetivo é receber um prêmio que está custando a exposição do seu filho? A custo do seu filho não viver uma infância como ela deveria ser vivida? Será que isso vale mesmo a pena?”.
De acordo com informações obtidas pela reportagem, os responsáveis pelas crianças que participaram do evento teriam assinado um termo autorizando a participação dos menores. A divulgação dessas imagens gerou um debate acalorado sobre os limites da exposição infantil e a necessidade de uma maior fiscalização de eventos que envolvem crianças e adolescentes.
O Conselho Tutelar de Santaluz e o Ministério Público Estadual receberam denúncias sobre o caso nesta segunda-feira (2). Os órgãos informaram que já estão apurando a situação para tomar as providências necessárias.
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